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Isacque Lopes, de Família é Tudo, ressalta persistência na carreira: 'Sempre batia na trave'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Isacque Lopes celebra boa fase de trabalhos em Família é Tudo após enfrentar perrengues na busca pela paixão

Isacque Lopes emenda produções globais como as novelas Vai na Fé, Família É Tudo e o filme No Ritmo de Natal - Fotos: Marcio Farias
Isacque Lopes emenda produções globais como as novelas Vai na Fé, Família É Tudo e o filme No Ritmo de Natal - Fotos: Marcio Farias

Uma brincadeira de criança levou Isacque Lopes (23) ao estrelato. Fã de Michael Jackson (1958-2009), começou a fazer cover do rei do pop ainda na infância e foi essa paixão que o encaminhou de vez para a arte. Ator, cantor e dançarino, enfrentou perrengues até começar a colher frutos. Hoje, em seu terceiro trabalho seguido na TV Globo, todos eles como protagonistas, o Plutão na novela das 7, Família É Tudo, quer celebrar suas conquistas, mas sem esquecer de onde veio e dos que vieram antes dele. “É um mérito, mas sei que meus ancestrais lutaram muito para que esse momento chegasse”, afirma, em papo exclusivo com CARAS no DarkCoffee, Rio.

– Três trabalhos seguidos, relevantes. Como é isso?

– Isso é um presente de Deus, porque faço teste na TV Globo desde os meus 8, 9 anos de idade e sempre batia na trave. Eu ia fazer uma Malhação, que caiu por causa da pandemia, depois me colocaram na de 2021 e a emissora tirou da grade. Foi uma série de decepções, mas, quando você tem um sonho e acredita no seu potencial, é consequência colher bons frutos. Desde o ano passado, estou sendo presenteado pela Globo, mas isso também é consequência de um bom trabalho, de persistência, dedicação e de pessoas que acreditaram em mim.

– Tanto nas novelas, como no filme No Ritmo de Natal (2023), você é um dos protagonistas. Isso em outros tempos não aconteceria...

– Estou sendo abençoado, tenho fé, sou cristão e acredito na lei da atração também. Fazer No Ritmo de Natal, o primeiro filme do Globoplay, é um presente, uma responsabilidade, um mérito, mas um privilégio também, porque sei que meus ancestrais lutaram muito para que esse momento chegasse. Eu ainda tenho que lutar por muita coisa, mas é um esforço bem menor perto do que meus ancestrais enfrentaram.

– E seus personagens fogem do que era antes estereotipado para o seu perfil. Isso é importante!

– É muito importante! Eu nunca precisei fazer escravo, bandido, papéis subalternos. Desde Vai na Fé faço personagens com poder aquisitivo alto. O Benjamin era um advogado que já vinha de família importante, no filme fiz um violinista com uma família importante da música clássica, e agora, por mais que o Plutão não queira a herança, ele é um herdeiro, ele vem de uma família importante também. Então é um marco muito relevante que a gente está vivendo, são outros tempos e a minha geração está colhendo frutos.

– É verdade que tudo começou por causa do Michael Jackson?

– É, sou apaixonado! Aos 4 anos assisti ao DVD do Michael e fiquei vidrado pela dança, pela música e comecei a imitá-lo, a fazer cover, fazia apresentações de bairro e ganhava cachê. Em 2012, rolaram audições para um musical sobre o Michael chamado Thriller Live Brasil, feito pelo melhor amigo dele, e numa seleção com 1500 crianças, fui um dos três escolhidos para fazer o Michael. É muito bacana olhar para trás e ver que tudo começou com uma brincadeira.

– Como a carreira é instável, antes de Vai na Fé você estava trabalhando numa loja, não é?

– Sim, porque quando Malhação caiu foi um banho de água fria, fiquei desiludido. Decidi baixar a guarda, eu estava fazendo faculdade de Produção Fonográfica e precisava pagar a mensalidade. Minha mãe já tinha ido morar fora, me ajudava da maneira que podia, e decidi que era hora de dar uma pausa, porque precisava fazer dinheiro. Trabalhei de estoquista por uns seis meses em 2021, mas aí apareceu a oportunidade de fazer o filme Que Pop! e as coisas começaram a andar. Mas eu não considero que foi um período triste, porque fiz muitos amigos, era divertido, acho que tudo na vida a gente tem que encarar com gratidão, era melhor do que não estar trabalhando. Foi um período de aprendizado.

– Você diz que a arte te salvou. Por quê?

– Venho de uma comunidade carente chamada Pinheiro, que fica no Complexo da Maré. Saí de lá cedo, aos 7 anos, mas não sei se teria tido contato com a arte se eu estivesse na Maré. Hoje tem muitos projetos sociais lá, mas na época não tinha, então talvez fosse um futuro incerto. Por volta dos 6 anos, entrei numa escola de balé e saí de lá formado em hip hop, sapateado, balé e jazz. Já fui para a Nova Zelândia fazer dança moderna, então quando falo que a arte me salvou é porque nunca tive outra opção a não ser fazer arte, eu sempre estive inserido no meio, na dança, na música. Na escola nunca fui o melhor aluno. Às vezes, na aula de matemática, não estava prestando atenção, estava desenhando, fazendo grafite na mesa, por isso digo que ela me resgatou.

– Você também é cantor. Tem lançamento vindo aí?

– Tem, um R&B com um pouco de trap. A letra fala umas besteiras, mas falo de um momento real que estou vivendo, porque, querendo ou não, a arte proporciona momentos muito doidos, que você se deslumbra um pouco. É lógico que a humildade continua, mas tem horas que você se deixa levar. Eu quero curtir, aproveitar esse momento, quero poder gastar um pouco. Trabalhei pra caramba minha vida inteira, agora que estou com um poder aquisitivo um pouco melhor, por que não comprar um tênis que quero, uma roupa estilosa? Falo disso na música, mas ela não se restringe só a isso, tem melodia, batida. Tenho uma pessoa que mixa e masteriza, mas o grosso sou eu que faço.

– E você se pegou glamourizando essa fase?

– Você não pode se deslumbrar, mas gosto dessa exposição, é um momento muito bacana da minha vida e por que não? Acho que é hipocrisia a galera falar que não. Tenho humildade, nunca esqueço de onde venho, já fiz outros trabalhos, tive altos e baixos, então sei onde estou pisando. Esse é o legal do artista, aproveitar o momento que você está vivendo, vamos celebrar! Não é só por mim, é pelos meus também. De dez Isacques que vêm da comunidade, um ou dois vingam, então eu sou esse moleque e quero representar os meus. Quero dar oportunidade para outras pessoas lá na frente. Quando eu tiver muito dinheiro, quero abrir uma escola de arte com música, dança. Tenho sonho de projetos sociais, quero fazer parte, poder estar engajado e mostrar para esses moleques que é possível.  

STYLING: RODRIGO BARROS; BELEZA: GRAZI BRAGANÇA; AGRADECIMENTOS: DARKCOFFEE; ASSESSORIA: EVELLYN CALVET